Ícone do site Revista Banto

Roméo Mivekannin estreia no Museu Afro Brasil com exposição que reposiciona o corpo negro na história da arte

A partir deste sábado (13/12), “A História Inventada e a Invenção de Histórias” reúne 41 obras e estabelece um diálogo contundente entre a arte contemporânea franco-beninense e o acervo da diáspora africana da instituição em São Paulo.

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, no Parque Ibirapuera, abre ao público neste sábado, 13 de dezembro, às 11h, a exposição “A História Inventada e a Invenção de Histórias”, a primeira mostra individual de Roméo Mivekannin no Sudeste do Brasil. O artista franco-beninense é reconhecido internacionalmente por utilizar autorretratos para intervir em imagens consagradas do repertório histórico europeu, questionando a ausência do corpo negro nessas narrativas.

A exposição reúne 27 trabalhos inéditos do artista, produzidos em seu ateliê em Paris, e 14 peças do acervo permanente do Museu, promovendo um diálogo entre a investigação de Mivekannin e a arte afro-brasileira. A mostra, que fica em cartaz até 29 de março de 2026, integra o calendário oficial do programa cultural França–Brasil 2025.

Acrílica e banho de elixir sobre tela
Roméo Mivekannin – O Ateliê do Pintor, segundo Jan Vermeer, 2023

Repositório e Diálogo com a Diáspora

Mivekannin utiliza o autorretrato sobreposto a iconografias históricas, empregando tecidos com marcas de uso, costuras e padrões africanos como parte essencial da composição. Ao se inserir como figura central em cenas clássicas, o artista propõe um exercício de reapropriação e resignificação dessas imagens.

Um dos núcleos da exposição é dedicado à série “Indigo”, na qual o artista explora padrões geométricos associados a tradições têxteis africanas. Esse trabalho estabelece um paralelo com pesquisas desenvolvidas na arte afro-brasileira, sendo colocado em contexto com obras de grandes nomes do acervo do Museu Afro Brasil, como o próprio fundador Emanoel Araujo, além de Rosana Paulino, Tiago Gualberto, Sidney Amaral (1973–2017) e Otávio Araujo (1926–2015).

A mostra conta com o apoio do Consulado da França no Brasil e reforça a política do Museu de estabelecer pontes entre as culturas africanas, a diáspora e a produção contemporânea brasileira.

Trajetória Internacional de Roméo Mivekannin

O trabalho de Roméo Mivekannin tem ganhado destaque no circuito internacional. Recentemente, o artista exibiu obras em instituições de prestígio, como o Museu do Louvre-Lens (França), na mostra The flip side of time, e a Fondation H (Madagascar), com Correspondances. Em ambas as ocasiões, ele utilizou materiais têxteis e a manipulação de iconografias existentes para questionar a produção e circulação hegemônica de imagens.

Foto: Gabriel Nascimento | Casablack

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, administrado pela Associação Museu Afro Brasil, abriga mais de 8 mil obras e é um dos principais espaços do país dedicados à história, memória e arte dos universos culturais africanos e afro-brasileiro.


Exposição: “A História Inventada e a Invenção de Histórias”, de Roméo Mivekannin

Sair da versão mobile