Existir é o primeiro mini-documentário de André Costa, um jovem de 25 anos,
recifense de nascimento e pessoense de coração
Em 14 minutos, Existir dá voz a quatro jovens que compartilham suas trajetórias pessoais, afetivas e profissionais, revelando não apenas os desafios que enfrentam, mas também suas conquistas e momentos de celebração.
André Costa, graduado em Radialismo pela Universidade Federal da Paraíba, começou sua carreira com um projeto de podcast sobre cultura pop e seguiu para o audiovisual, onde trabalhou como assistente de produção na televisão e em produções de videoclipes e documentários. Com experiência nacional e
internacional, André trouxe ao seu trabalho a necessidade de apresentar histórias LGBTQIAP+ que transcendam os estereótipos que existem dentro e fora da comunidade. Existir nasce dessa inquietação, oferecendo um “respiro” para a comunidade, que vê suas vivências tratadas com respeito e autenticidade.
A diversidade é um dos alicerces de Existir. A obra retrata um homem preto gay,
uma mulher travesti negra, uma mulher trans branca e uma mulher bissexual afronindígena, todos vivendo em João Pessoa. Essa escolha reflete o desejo de André em explorar a complexidade das identidades dentro da comunidade LGBTQIAP+ e de celebrar as vidas dessas pessoas como sujeitos plenos de suas histórias. Para André Costa, “Existir é um projeto que envolve várias pessoas que
contribuíram e contribuem para uma Comunidade LGBTQIAP+ cada vez mais viva
e dona da sua própria história”.
Com planos para exibições em festivais e feiras, Existir busca promover um debate
sobre histórias da comunidade LGBTQIAP+ para além da violência do dia a dia, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e que realmente possa respeitar todos os corpos.
Entrevista com o diretor
Qual foi a inspiração para produção de Existir?
O processo da produção de Existir foi quase que natural. Sempre falo as pessoas próximas que a ideia de fazer um documentário surgiu da necessidade de contar histórias positivas, foi uma inquietação mesmo. Atualmente sou pesquisador na área de pessoas LGBTQIAP+ e quase nunca encontramos pesquisas feitas para celebração da comunidade, sempre é relacionado a algo ruim. Então eu pensei que eu precisava fazer isso, muito no sentido de contar histórias positivas de uma comunidade que as pessoas já sabem que vivem homofobia, transfobia, lesbofobia, bifobia e etc. Acredito que precisamos celebrar a vida enquanto vivos e é por isso que eu quis celebrar realizando o Existir.
Como foi feita a escolha das pessoas que seriam as personalidades | personagens para o documentário?
Eu queria trabalhar as diferentes realidades da comunidade LGBTQIAP+ e que fosse da forma mais natural possível. A primeira pessoa que pensei em trazer foi a Isabella Ramalho, mulher trans que é acadêmica de enfermagem e atua como DJ nas noites pessoenses. A partir dela, comecei a traçar personalidades que pudesse ser opostas da Bella. Ai veio Francisco Xavier, Maria e Érika Paz. Um ponto importante que levei em conta foi recortes de raça e classe social, além de gênero e sexualidade. No final, todos as quatro pessoas escolhidas tiveram coisas em comum além de ser parte da comunidade LGBTQIAP+, como ter nascido em interior/sertão por exemplo.
Qual foi a sua maior dificuldade na execução?
Acredito que o tempo em coordenar tudo e pequenos problemas quanto à gravação de 01 pessoa. Inicialmente Existir ia contar com 05 pessoas, mas pela agenda dessa última pessoa não conseguimos encontrar horários compatíveis. Além disso, uma das gravações deu erro e precisamos refazer alguns cortes. Porém, eu sempre brinco que esses problemas e dificuldades vieram para somar, porque quando eu refiz a gravação desse corte que tinha perdido, o choro de emoção veio porque eu tinha conseguido chegar onde eu queria com aquela entrevista.
O que você destacaria no seu primeiro audiovisual?
Eu acho que é um projeto muito pessoal mas é um presente para todas as pessoas que me rodeiam. Eu sou muito grato a todas as pessoas que passaram e estão na minha vida e Existir é um presente para todas elas. Quando Existir ficou pronto eu só sabia chorar de emoção porque me considerei desde o início da minha vida adulta rodeado de pessoas que me inspiram e que são pessoas excelentes no que fazem e era isso que eu queria destacar no Existir, que uma comunidade que é vista de maneira marginalizada é excelente e inspiradora. Destaco todas as pessoas que fizeram o Existir nascer: Manuela Fontes, Letícia Muniz, Kataryna Vieira, Will Rocha, Rorion Silva, Ailton Vieira e Victor Gomes. E também as 04 pessoas que deram a cara a tapa e são realmente as estrelas de Existir: Isabella Ramalho, Maria Mikaela, Francisco Xavier e Erika Paz.
O documentário Existir 2.0 pode ser uma realidade próxima?
Então kkkkkk, as pessoas que já assistiram me perguntaram isso e eu falo que não. Quando eu pensei em Existir eu até pensei em ser formato seriado mas depois eu fiquei feliz com a ideia de um mini documentário. Mas as ideias mudam e possa ser que venha aí um Existir em novos formatos, não é documentário, mas em novos formatos. Agora é esperar para ver se realmente vem.
Existem planos futuros para novos projetos em João Pessoa?
Com toda a certeza. Existir foi o meu primeiro projeto autoral e meu início e estreia na carreira do cinema, porém já produzi outros audiovisuais na área de produção, roteiro e podcast aqui na cidade, muitos deles fruto da Universidade que me preparou muito para a área. Agora eu quero focar em escrever meu segundo documentário e estou com outras ideias para desenvolver. João Pessoa e até mesmo a Paraíba é uma grande oportunidade para quem está começando e precisamos cada vez mais fazer do nosso estado uma potência audiovisual e cultural.
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